Mulher internada na UTI realiza passeios pelo hospital e recebe visitas de familiares que não vê há muito tempo e de seu cachorro
FOTO: Dreyceane Soares/FCecon
O olhar humanizado do profissional de saúde vai muito além do cuidado técnico. Proporcionar ao paciente com câncer, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), momentos de acolhimento e cuidado são essenciais, conforme explica o fisioterapeuta José Alexandre Almeida.
É o caso de uma paciente, de 54 anos, que está internada há três meses na UTI da unidade hospitalar, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (SES-AM). Diagnosticada com um Leiomiossarcoma – tumor maligno raro e agressivo das células dos músculos lisos dos pulmões –, a paciente apresenta quadro clínico estável, mas sem possibilidade de cura, do ponto de vista do tratamento oncológico.
Longa permanência
Conforme Almeida, tendo em vista os pacientes de longa permanência no hospital, como é o caso dessa paciente, a FCecon busca proporcionar qualidade de vida e um olhar humanizado. Segundo ele, pacientes internados na UTI estão fragilizados emocionalmente pela doença, além de perderem a noção do tempo, não conseguem ver o sol nascer ou se pôr, e as visitas são muito restritas.
“Essas situações vivenciadas por essa paciente de longa permanência exige um tratamento diferenciado e um olhar humanizado, de forma a amenizar o sofrimento e a dor pelos quais passa. Assim, conseguimos prover um abraço além do cuidado técnico, com empatia em relação ao paciente, adaptando a realidade do hospital com a realidade com a qual ela está no momento”, comentou Almeida.
FOTO: Dreyceane Soares/FCecon
Passeios pelo hospital
Segundo ele, a paciente consegue ficar por um período de tempo sem o suporte ventilatório. Dentro desse tempo, ela realiza passeios pela frente da unidade hospitalar, recebe visitas de familiares que não vê há muito tempo ou não podem entrar na UTI, recebe a visita do cachorro e consegue ver outras pessoas circulando pelo hospital.
“Essas ações resgatam a dignidade da paciente. Elas impactam na sobrevida, na doença, na internação e se estendem aos familiares. Quando o paciente adoece, ele não adoece sozinho, a família adoece junto. Se a gente consegue prover esses suspiros de cuidado humanizado, a família recebe junto com a paciente”, comemora.
Humanização
De acordo com a gerente do serviço de Psicologia, Maria Graciete Ribeiro, em meio aos exames e diagnósticos, há algo que não pode ser medido em gráficos e nem registrado em prontuários: o olhar humano. Segundo ela, a hospitalização assusta, pois tira o paciente do seu lar e do seu cotidiano, sendo colocado em um ambiente de incertezas.
“A ação humana torna-se indispensável no momento do diagnóstico do câncer, que vai além da técnica, da escuta e compreende o ser humano por meio de sua dor. O gesto gentil, uma escuta atenta, um abraço respeitoso, que parecem tão pequenos, fazem uma diferença imensa para a paciente durante o processo de doença que ameaça a vida”, destaca Ribeiro.
A ciência trata o corpo, ressalta Ribeiro, mas a humanização toca a alma. Segundo ela, é nesse momento que o paciente se sente visto, ouvido e respeitado, encontrando forças para confiar e reagir ao câncer. “Antes de ser um caso clínico, há uma história de vida. Humanizar é tratar com empatia, com presença, com alma. Cuidar com técnica e acolher com o coração, essa deveria ser a atitude de todo o profissional da saúde”, finalizou.
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